O vício da sacola plástica
Uma das coisas que mais me surpreendeu durante minhas férias em Portugal foi a dificuldade de obter nas lojas uma sacolinha plástica para colocar as minhas compras. Ou eu comprava uma sacola de papel, ou saía com tudo solto nas mãos. No supermercado, os poucos sacos plásticos que havia estavam em uma prateleirinha pequena junto ao chão, quase escondidos. Quando comprei uma bolsa na Parfois e a vendedora entregou o produto embalado em um plástico, comentei faceira “Coisa boa, um saquinho plástico”. A vendedora fechou a cara, e pouco depois me perguntou “De que país você é?”. “Brasil”, respondi. Ela balançou a cabeça como se afinal uma peça entrasse no seu devido lugar. Constatei que há povos que não brincam em serviço quando se trata de reduzir o consumo de plásticos. Já no Brasil, a coisa é bem diferente.
De volta para casa, fui ao supermercado logo no primeiro dia para abastecer minha geladeira. Na hora de passar com as compras na caixa registradora, observei entre chocada e maravilhada, a abundância de sacolas plásticas que a empacotadora usou para colocar minhas compras. Quanto saquinho de lixo gratuito eu estava ganhando! Passado o momento de alegria com culpa, me lembrei que, quando a lei da suspensão do uso de sacolas plásticas entrou em vigor, os supermercados pararam de dar sacolas plásticas e estimulavam a compra daquelas sacolas caríssimas de plástico reciclado com o logo do supermercado. Mas o consumidor sapateou e conseguiu o retorno das sacolinhas, agora de plástico ecológico, aquele plástico que se decompõem em partículas finíssimas que são ainda mais danosas para a natureza e que agora são encontradas até no nosso pulmão.
Viro minha sacolinha plástica e acho lá no fundo dela escrito ecofilm PEAD. Essa desgraça é de polietileno de alta densidade, o mesmo das tampinhas plásticas. Dizem que quando em contato com o ar ele se fragmenta e se oxida. Mas as sacolinhas vão direto para o aterro, onde são soterradas em condições anóxicas. Portanto este tal de ecofilm nem se fragmenta, nem se decompõem quando enviado para o destino mais comum do nosso lixo residencial, o aterro sanitário. Só no Brasil, a cada ano são produzidos 72 bilhões de sacolas plásticas, sendo que o resíduo plástico descartado por pessoa por ano é de 64 quilos de plástico. Isso é impressionante!
O que me custa colocar as sacolinhas de pano embaixo do braço cada vez que vou ao supermercado? Nada. A partir de hoje não aceitarei mais sacolas plásticas no comércio em geral. Juro.