O czar dos ratos
Uma análise dos dados publicados pela WHO (World Health Organization) mostra que os seis países que atualmente (2013-2018) apresentam o maior número de casos de Peste Bubônica são Madagascar, Tanzânia, Congo, Uganda, Peru e, surpreendentemente, os Estados Unidos.
Estas estatísticas põem em contexto pequenas notícias publicadas pela mídia americana ao longo dos últimos tempos. Embora o Arizona e o Novo México sejam os dois estados americanos que apresentam o maior número de casos da peste, e a costa da Califórnia tenha conquistado o honroso terceiro lugar neste ranking, é dando uma olhada no que acontece em Nova Iorque que entendemos o quanto este problema tem sido difícil de combater.
Tendo em vista que os ratos são os vetores na transmissão da peste bubônica, Nova Iorque declarou guerra contra a infestação por estes animais. A situação é tão séria que já virou piada: uma empresa turística local oferece visitas guiadas para que o cliente conheça os locais prediletos e os hábitos destes animais noturnos. Além disto, um vídeo que mostra um rato arrastando uma fatia de pizza pelas escadarias do metrô da cidade acabou viralizando na internet.
Quando analisamos a fertilidade dos ratos, a dificuldade para combater a infestação de ratos se torna ainda mais fácil de entender. Uma fêmea de rato se torna madura sexualmente aos três meses, tem 6 a 12 filhotes por ninhada, e pode conceber até sete vezes por ano. Assim, se pegássemos um casal de ratos para criar, ao final de um ano poderíamos ter até 15 mil ratos! E o que é pior, eles não são nada exigentes quanto à qualidade da comida para crescerem e se multiplicarem.
Além disso, a disseminação dos ratos é muito facilitada pelas suas habilidades físicas. Na procura por alimento e abrigo, os ratos escalam paredes lisas, nadam pelos canos de esgoto e emergem nos vasos sanitários, podem atravessar orifícios do tamanho de uma moedinha, ou até mesmo abrir buracos em paredes de madeira, gesso e concreto.
A mídia novaiorquina relata que a infestação se tornou ainda pior desde a pandemia. Quando os restaurantes tiveram de fechar em sua pior fase, os ratos se viram privados de seus festins noturnos proporcionados pelos sacos de lixo cheios de restos de comida à espera da passagem dos caminhões da limpeza urbana. Esfomeados, os ratos se viram obrigados a migrar para novos bairros em busca de alimento, fazendo com que hoje a infestação afete uma área ainda maior da cidade.
Na luta contra aquele que o prefeito de Nova Iorque considera “o inimigo público número um da cidade”, ele nomeou uma Diretora Municipal de Mitigação dos Roedores, a quem prontamente apelidou de “Czar dos Ratos”.
Sobre a criação desta nova diretoria, a presidente do Departamento de Saneamento de Nova Iorque disse aos jornais que "o prefeito acabava de deixar claro que não eram os ratos que governavam a cidade”. Você pode até pensar que isso parece história de Gotham City, mas não é.
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