O açougueiro de Paris: o misterioso Dr. Eugène (inicio)
Naqueles últimos tempos um número significativo de judeus vinha desaparecendo em Paris, sem que os nazistas soubessem como isto acontecia, ou qual o destino deles. Seria isto o sinal de que a Resistência francesa havia estabelecido uma nova rota de fuga segura para os fugitivos do regime nazista durante a fase de ocupação da França? Com o intuito de desvendar este mistério, a Gestapo prendeu e torturou o judeu Yvan Dreyfuss, um dos vários descendentes de Adolph Dreyfuss que haviam aderido à Resistência como forma de protesto ao anti-semitismo existente na sociedade francesa que, poucas décadas antes, havia culminado no Affair Dreyfuss.
Yvan Dreyfuss fora coagido pela Gestapo a servir de isca para a captura do Dr. Eugène. Yvan iniciou a procura pelo médico que era apontado por todos como sendo o criador da rota de fuga. Após algumas tentativas, o contato com o médico foi estabelecido e Yvan fez um acerto com ele sobre o valor que deveria ser pago pela sua fuga para a Argentina, quanta bagagem ele ppoderia levar, o horário e o local do ponto de encontro.
No dia marcado, ele compareceu a um salão de beleza na rua Mathurins com duas malas, 10 fotos de passaporte e o dinheiro combinado escondido no forro de sua mala. Ali ele viria finalmente a conhecer o Dr. Eugène, “um homem de cabelos ondulados castanho escuros e olhos negros penetrantes”. Sob a vigilância atenta da Gestapo, Yvan e o Dr. Eugène iniciaram a caminhada em direção ao seu consultório, onde Yvan deveria ser vacinado e receberia uma identidade falsa antes de se juntar-se à Resistência para fugir em direção à Argentina. Porém Yvan conseguiu alertar o médico de que estavam sendo seguidos e ambos conseguiram despistar os alemães. Depois disto, Yvan Dreyfuss nunca mais foi visto.
Dois dias mais tarde, os alemães conseguiram marcar uma nova reunião entre Dr. Eugène e outro pretenso fugitivo, mas uma vez mais o médico conseguiu escapar da prisão. Todavia, os cúmplices do médico que estavam presentes no ponto de encontro revelaram sob tortura que a verdadeira identidade do Dr. Eugène era Marcel Petiot.
Quando chegou à residência do Dr. Petiot, a Gestapo encontrou um número exagerado de frascos de morfina. O médico foi então aprisionado e torturado por semanas a fio para que confessasse a verdade. Apesar de tudo, ele continuou negando ser a pessoa que coordenava a rota de fuga daqueles que pretendiam escapar do regime nazista em direção a um país da América do Sul. No início de janeiro de 1944, ele seria libertado sob fiança pelo seu irmão e alguns meses se passariam antes que a Gestapo se desse conta da besteira que havia feito.
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