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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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Não acredite em tudo o que ouve!

mulher tomando refrigerante aconselha o leitor a consumir açúcar para diminuir o apetite

 

Às vezes eu me pego pensando como é possível que eu ainda esteja por aí neste mundo de Deus, em relativamente bom estado. Quando olho para trás e vejo tantos perigos pelos quais passei. E você certamente tem a mesma história para contar. A conclusão é que, apesar de todos os defeitos de fabricação que vem estampados no nosso código genético e todos os nossos hábitos nocivos, nós somos feitos para durar.

 Crescemos em um ambiente moldado pelas mentiras e falsas verdades propagadas pelo marketing, seguimos os preceitos de uma medicina mais perdida do que cego em tiroteio e somos coniventes com as exigências de uma economia sempre crescente. O conceito do que era bom ou saudável naquela época diferia muito do pensamento atual.

 Quando me lembro de minha infância, me dou conta de que naquela época era moda entre os médicos indicar a retirada das amígdalas, o uso de botinha ortopédica de armação de ferro até a metade da canela, tomar antibiótico por qualquer mazela, ter diagnóstico de disritmia. Os critérios de uma boa alimentação daquela época também eram muito diferentes dos atuais: quando aos 22 anos eu decidi parar de comer carne e adotar alimentação macrobiótica, minha mãe entrou em desespero. Como boa gaúcha, ela achava impensável que alguém não comesse carne em todas as refeições. 

 Quanto ao marketing, basta dar uma olhada nas propagandas de antigamente para ver o quanto enganadoras elas eram. O simples fato de analisar o conteúdo destas propagandas pode ser chocante. Se elas eram mal-intencionadas, ou apenas fruto de desinformação, eu não sei dizer. Mas o que se pode pensar de estimular o uso de tinta à base de chumbo com sabores adocicados para ambientes e brinquedos de crianças, quando se sabe que desde o tempo do império romano os efeitos nocivos do chumbo sobre a saúde já eram conhecidos? E o que dizer de estimular as pessoas a consumir açúcar para ter menos apetite e perder peso? Ou dizer que o cigarro Camel é o predileto dos médicos? Ou estimular as mães a dar leite em pó aos bebês ao invés de amamentar? Os exemplos são inúmeros, não cabem nesta página.

 E finalmente, quanto objeto de consumo nos foi enfiado goela abaixo para manter a roda da economia girando? Por que em um mundo que se depara com uma crise climática iminente nós continuamos trocando de celular a cada um ou dois anos? E comprando eletrodomésticos que não precisamos ou não consertaremos quando estragarem, pois a mão de obra e as peças são caríssimas? E dando tanto valor à embalagens que irão ao lixo assim que chegarmos em casa? E pagando caro para tomar café de cápsula? E água de garrafa plástica? E a indefectível sacolinha plástica...

 E apesar de tudo isso, ainda estamos por aqui. Alguns em melhor estado do que outros.  Quando se olha para trás, é mais fácil identificar quais crenças da época eram absurdas. Mas e hoje, quais seriam os hábitos e crenças atuais que no futuro causarão espanto? 

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Tags: marketingfalsas crençasmaus hábitos

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