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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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Mamericus, meu centésimo oitavo avô


Deve fazer um mês eu fui tomada por uma nova febre, a de identificar e contar a história dos meus ancestrais. Primeiro, com a ajuda de minha mãe, revirei todos os documentos dos nossos antepassados que tínhamos guardados. Tinha muita coisa, de até 150 anos atrás. Pacientemente pesquisei o nome deles na internet e várias lacunas foram lentamente sendo preenchidas com a ajuda de informações retiradas de jornais, dissertações de mestrado, documentos de cartórios e da justiça. Nesta busca terminei por redescobrir uma parte da história de Adolpho Cardoso, que tinha sido diligentemente removido dos relatos familiares.

Mas neste fim de semana, revisando, com a ajuda de minha afilhada, as novas informações incorporadas na minha árvore genealógica descobri que uma única aquisição na minha árvore teve um efeito dramático. A incorporação do dito Cardoso nos acrescentou 2500 anos de história familiar desconhecida. Descobri que descendo de Mamericus (710 BC), cidadão da Roma antiga! Foi-se o tempo em que eu ficava extasiada por conhecer meus antepassados alemães do final do sec. XVIII.

 

É difícil acreditar que as informações, disponibilizadas no site de genealogia graças ao trabalho incansável de pesquisa de outras pessoas que tem ancestrais em comum comigo, sejam precisas. Mas ainda assim me espanto com a sucessão de gerações que perambularam por toda a Europa, graças às guerras, à fome, às alianças políticas, aos casamentos de conveniência e cujos descendentes terminaram por criar raízes aqui no Rio Grande do Sul nestes últimos 150 anos. A tradição machista de herdar dos pais apenas o sobrenome paterno faz com que eu sempre tenha me visto como descendente unicamente de alemães, e mais nada.  Mas na minha árvore vejo uma sucessão de alemães, austríacos, franceses, italianos, portugueses, espanhóis, belgas, ingleses, escoceses...O que terá restado deles em mim? Que heranças correm no meu sangue?

 

Por outro lado, me deparo com a tristeza associadas aos cantos mortos da árvore genealógica, representadas por aqueles que herdam bens e genes, mas que não deixam filhos para dar continuidade a sua história. Nós representamos em microescala o cataclisma gerado pela chuva de meteoros que um dia acabará com a civilização. Puf, fui!

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Tags: pesquisagenéticadescendênciagenealogia

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