Esse negócio de indio em comunhão com a natureza...
A Aldeia do
Boto Velho é uma das maiores aldeias
desta região do Tocantins. Tem 170 e poucos índios que ja sao muito
aculturados, ainda assim a comunicação é difícil. Os casebres são de
supapo e teto de palha, tudo muito simples. Mas eu entrevi montes de telas
planas, das grandes. Durante a nossa estada na aldeia, chegaram 2 enfermeiras
que passam a semana circulando entre 16 aldeias para fazer a vacinacao dos indios. Eles são razoavelmente
bem cuidados.
O guia
falou que todo o peixe que nós temos comido no Tocantins é pescado pelos
indios. Eles saem de barco por uma semana e voltam carregados. Parece que este
é o principal meio de vida deles. Além do bolsa-família pago pelo governo, que
parece ser maior do que o pago aos brancos.
Eu estava distraída, tentando conversar com a mulher do cacique, quando descobri
que o pajé estava discutindo exaltadamente com o Tan, pois ele e o guia tinham
ido visitar a "casa dos homens", onde as mulheres e pessoas de fora não
podem por os pés. O pajé proibiu eles de me contar o que tem lá dentro!
O pajé queria uma compensação monetária por essa invasão de privacidade.
Passou um tempão insistindo em receber “dindim”. O Tan resistiu bravamente,
disse que nós já tínhamos pago dinheiro ao cacique pela nossa visita. Mas o
pajé disse que os índios não recebem nada. Parece que o dinheiro fica todo na
mão de um ou dois índios, os demais ficam a ver caiaques e tem, portanto,
horror dos turistas, que passeiam por tudo como se tivessem em uma loja de
curiosidades. Depois dessa discussão, eu tive de ir falar com o pajé para dar
uma amaciada nele. Ele me contou que tem uns 500 e poucos anos. Acho que ele
não é muito bom de matemática!
Assistimos uma cena
lamentável. Os indios pescaram duas tartarugas imensas e deixaram elas vivas
com o casco emborcado, morrendo lentamente de sede por três dias. Ao final deste
prazo elas serão cozidas com bastante tempero. Eu perguntei porque eles não
matavam as tartarugas de uma vez e guardavam a sua carne na
geladeira, e elas só riram. Fiquei
chocada. Em seguida, a india velha veio nos vender colares. A maioria deles era decorada com casquinhos de tartaruga, uns tracajás pequenininhos. Imagina se o IBAMA me
pega carregando estes souvenirs!
Tirei umas fotos da arara de estimação deles e dei comida na boca dela. A
indiazinha filha do cacique veio me mostrar o pintinho de estimação que ela
tinha preso na mão e que levava de arrasto para todos os cantos. O coitado
estava tão tonto que acabou dormindo na minha mão. O menino, irmãozinho dela,
se distraía dando chutes e socos no seu cãozinho vira-latas. Perdi a ilusão do “índio,
um ser em equilíbrio com a natureza”.
Os indios
nao sao de muitos sorrisos. Pelo contrario. Os da aldeia que visitamos deixaram
bem claro que nao queriam saber de papo. A maioria fingia não entender
português (mas na escola eles aprendem português alem de javaé). Não se pode
olhar dentro das casas. Para tirar foto dos índios, só pagando. Soy
contra...assim não temos fotos. Tem turista que deve fazer eles se sentirem
como um animal de zoo. Mas tem o contraponto. Nos hoje conhecemos dois pilotos
de helicoptero do ibama. Na semana passada eles pousaram em uma ilha deserta no
meio do Xingu. De repente comecou a aparecer indio de todo o lado. Eles sacaram
os smartphones e ipads e comecaram a fotografar os pilotos! Tinha indio de
relogio bacana, vestido com camiseta de marca. Tudo aculturado.
Todas as indias da aldeia qu
Todas as indias da aldeia que nos visitamos tinham um cavanhaquezinho tatuado
no rosto. As mais velhas tinham também um circulo do tamanho de uma moeda
abaixo cada olho. Uma delas, a mais braba, tinha bigode, cavanhaque e
costeletas !
Voltar