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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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De Tumbas e Polpas

Ontem eu visitei, entre outras coisas, o túmulo de Monet, que nada tem de impressionista. Aquilo com certeza foi obra da esposa dele, que exilada no quarto dos fundos e sem direito de opinar na decoração da casa, vingou-se na decoração do túmulo. Sua tumba foi decorado com uma cruz de mármore da altura de um homem, que mais parece te sido feita de dois tubos de PVC de 5 polegadas e uma conexão no meio. Fiquei impressionada com o mau gosto.
Hoje, afinal, fui visitar as catacumbas de Paris, que estavam fechadas para obras. Desci por uma escada caracol 20m abaixo do nível da rua, abaixo do metrô, dos esgotos e da rede elétrica. Lá embaixo, uma rede de túneis replica o traçado das ruas em superfície. Os túneis são seculares e foram usados para extrair o calcáreo e a argila usados nas construções de Paris ao longo de sua história. Há cerca de 250 anos esses túneis se transformaram em catacumbas. O poder público à essa época resolveu remover alguns dos cemitérios de Paris, que tinham se tornado um risco sanitário para os bairros vizinhos. Foram então abertas todas as tumbas, mesmo as mais ricas,e os ossos foram transportados em procissões noturnas até as catacumbas. O resultado disso tudo são alas e mais alas com as paredes reobertas por pilhas de crânios e fêmures arranjados artisticamente por funcionários zelosos. Tudo à meia-luz. Na saída, o toque de comédia: o funcionário da catacumba me pediu para revistar minha bolsa! Ao lado dele eu vi dois crânios e três fêmures que ele tinha encontrado dentro da mochila de um turista colecionador de lembrancinhas.

Saí de lá me sentindo meio esquisita, mas no caminho para casa as coisas melhoraram. Apesar do conhecido mau-humor francês eu fui presenteada com três sorrisos: o do dono da quitanda, que outro dia eu encontrei vestido com suas roupas domingueiras, passeando com a família em Paris e que agora sempre me cumprimenta orgulhoso; o sorriso amarelo da padeira; e o sorriso todo expansivo do haitiano que trabalha no posto de gasolina ao lado do meu edifício. Eu seguido vou a esse posto comprar duas garrafas de Orangina, o refrigerante que promete te deixar délicieusement pulpeuse, como o suco de laranja que vai dentro da garrafa. Bom pulpeuse eu tô cada vez mais, graças aos croissants e congelados da Picard. Porém delicieuse...
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Tags: monet catacumbas paris turismo picard

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