Como uma fênix
Voltar a conviver com o grupo de amigas de 40 anos atrás...se alguém me falasse três anos atrás que isso aconteceria comigo, eu não iria acreditar. Não sou uma pessoa que cultua o passado, aliás poucas coisas das minhas memórias são nostálgicas. Mas os primeiros anos da minha vida universitária são repletos de boas lembranças com meu grupo de amigos.
Nada a se estranhar quanto isso, pois essa é uma fase boa para a maior parte das pessoas. Muitos amigos, um mundo inteiro a desbravar, múltiplos interesses e aptidões e a certeza de que tudo dará certo ao final.
Para mim, amadurecer longe de casa foi ver diminuir a sensação de pertencimento. Essa sensação que apenas uma cultura e uma história de vida semelhantes podem fornecer. Foram quase 40 anos vivendo fora da cidade em que nasci e me criei. A cada nova cidade passei por uma fase inicial de rejeição, seguida de descobertas das qualidades e finalmente de amor. Todas as cidades em que morei foram abandonadas com relutância, com sofrimento. Ouro Preto, Salvador, Rueil-Malmaison, Rio. Menos Porto Alegre. Meu sonho juvenil era sair daqui, para bem longe, desbravar o mundo.
40 anos depois estou de volta. Com um outro olhar sobre a cidade e seu povo, um olhar experiente. Daqui fugi, mas me levei junto. Agora sei que nem tudo dá certo ao final, e que frequentemente a culpa é minha, não do lugar, nem dos outros.
Volto para minhas amigas como uma fênix, renascida, pronta para desta vez acertar o passo nesta chance que o destino me deu.
Por favor não me deixem errar.
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