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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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Voce faz parte do grupo dos preppers?

Acabo de ler que na Suíça a população é obrigada por lei desde 1963 a construir no subsolo de suas moradias bunkers que sejam capazes de resistir a um ataque nuclear. Obviamente, este bunker não é apenas um quartinho a mais. Ele tem espessas paredes de concreto e portas reforçadas, filtro de ar para partículas químicas e gases tóxicos, estoque de água, de alimentos e de remédios. Você pode imaginar o custo de construir, equipar e manter tudo isto?

bunker

Antes de tudo, para manter um estoque destes em condições de uso é preciso método e determinação. Eu costumo manter uma pequena despensa em casa, mas a minha falta de organização implica em perdas e gastos extras. É impressionante a quantidade de alimento que é descartado por causa de carunchos, embalagens rasgadas, ou duração menor do que a prometida na embalagem. Remédios não consumidos dentro do prazo de validade também devem ser descartados. E o armazenamento de água? Quantos litros de água por pessoa seriam necessários armazenar em caso de uma tragédia?

A maior parte dos gaúchos se deparou com estes problemas em maio passado, quando os rios e o lago Guaíba invadiram as ruas da capital e das cidades do interior. Sem energia elétrica para alimentar as bombas da rede pública e dos prédios, tivemos de estocar água para o banho, para a descarga nos vasos sanitários, para cozinhar, limpar e beber. Você tem ideia de quanta água cada um de nós gasta por dia? É muita água. Mesmo racionando, a questão principal do armazenamento de água permanece: onde guardar? 

Outra questão que eu não havia me deparado até hoje é como cozinhar quando não há energia elétrica e o suprimento de gás está acabando. Este foi o caso durante a última enchente e devo confessar que me arrependi amargamente de ter emparedado a churrasqueira que havia na sala do meu apartamento quando me mudei para o Sul. Sim, você leu certo, havia uma churrasqueira na minha sala... coisa de gaúcho.

Nos EUA, uma parcela significativa da população se ocupa com todas as questões que envolvem a preparação para uma catástrofe de modo obsessivo. Eles são apelidados de “preppers”. Sua principal preocupação é uma eventual explosão atômica. Porém anualmente os seus kits de emergências são testados durante a estação dos furacões, que afeta particularmente os estados da Florida, Louisiana e Texas, e se estende de 1° de junho a 30 de novembro.

Nos Estados Unidos, a American Red Cross, recomenda a toda a população que tenham em casa um kit de emergência que seja fácil de carregar em uma eventual emergência ou desastre. Exagero? Os gaúchos que tiveram de abandonar suas casas correndo e saíram apenas com a roupa do corpo nesta última enchente de maio com certeza não pensam assim. 

Sem dúvida, ser pego de surpresa em uma emergência é o pior cenário. Por isso, pessoas que moram em áreas de risco deveriam ter o costume de se informar sobre os riscos e o funcionamento dos sistemas de alarme. No Rio de Janeiro, as favelas que sofreram no passado recente com os estragos causados pelas chuvas de março receberam sirenes de alarme e uma central de alertas para evacuação imediata. Esporadicamente, a comunidade acompanha os testes que comprovam o funcionamento das sirenes, de modo a permitir que as pessoas fujam a tempo em caso de novos deslizamentos de terras. No Sul, muitos desenvolveram o hábito de acompanhar as variações de nível dos rios através do site nivelguaiba.com.br, recentemente criado e que que fornece informações atualizadas a cada 5 minutos. Na Suíça, onde há cinco centrais de energia nuclear, há um Centro de Alarme Nacional que mede o nível de radioatividade em 76 locais a cada 10 minutos, e a população recebe esporadicamente um novo kit de comprimidos de iodo que devem ser consumidos em caso de vazamento de radioatividade.

Sim, há muita coisa a pensar para estar precavido em casos de emergência, e a maioria de nós prefere não pensar no assunto. Eu, particularmente, sempre pensei nos preppers como “um bando de doidos”. Mas quem sabe se não são eles que vão rir de gente como eu um dia?

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Tags: prepperskits de emergênciaexplosão atômicaenchentedeslizamento de terrabunker

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