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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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Seja bem-vinda, Hallyu, a onda coreana

 


O vídeo streaming e, em especial, a Netflix vêm causando devagarinho uma mudança na minha forma de ver o mundo. A necessidade de aumentar a oferta de filmes e séries para um público insaciável fez com que a Netflix se voltasse para outros mercados cinematográficos, que não os EUA, a Inglaterra e a França. Nesta corrida por novos produtos, A Netflix já a algum tempo começou a fazer parcerias com produtores internacionais, selecionando scripts e financiando seus filmes. Desse modo, agora temos uma profusão de séries indianas, coreanas, turcas, espanholas, chinesas e, em menor proporção, séries polonesas e argentinas. Cada uma delas traz não apenas histórias bem contadas e imagens bonitas, mas também muita informação sobre outras culturas. 

 

 

 

Aos poucos o american way of life vai se tornando menos hegemônico na mente das pessoas, afinal de contas, todo mundo sabe disso, o cinema é uma grande ferramenta de dominação cultural. No meu caso, eu caí sob o fascínio da cultura coreana. Lá se vão já alguns anos que eu vi a minha primeira série da Coréia do Sul: Mr. Sunshine, um raio de sol. Muito boa, uma história de época. Essa primeira série abriu um largo caminho seguido por várias outras. Até hoje já devo ter visto mais de 100. Preferência por estilo de filme é como paladar, se aprende testando, introduzindo cada dia uma novidade. E assim tem sido comigo.

 

No início tive de me acostumar com as particularidades da cultura e do cinema coreano. A velocidade do enredo é muito mais lenta do que estamos acostumados; quem só gosta de filme de ação, dificilmente vai se sentir satisfeito. Há também uma hierarquia social muito forte dos personagens, e uma tendência a evitar as cenas de violência explícita (com exceção de Round 6). Mas o que mais me impressionou no início foi a impressão de que os personagens eram todos Barbies e Kens, sem sexo. Cenas de beijo? Só próximo ao fim da série. Cenas de sexo? Nunca vi.

 

Sem se perder, ou se deter nestes gatilhos tão comuns dos filmes americanos, os coreanos criam roteiros que descrevem com riqueza de detalhes os personagens, sua psicologia, as diferenças de classe e as perspectivas de crescimento de cada um. É muito rico de informação, e você acaba aprendendo muita coisa sobre esta sociedade aparentemente tão diferente da ocidental, apesar dos longos anos de ocupação americana no pós-guerra. 

 

A indústria do cinema coreano tem muitos roteiristas bons e criativos, mas ela também sofre do complexo de cópia, que ataca os chineses. Eles fazem muito remakes de séries americanas famosas, mas em estilo coreano. Algumas destas cópias foram muito bem-sucedidas. Outra coisa que ajuda muito a gente, especialmente nós os brasileiros, a se identificar com os personagens, é a emotividade coreana. Apesar de aparentemente frios, eles têm chiliques, exageram, dissecam cada problema em longas conversas com os parentes e amigos. Tá soando familiar para você? Às vezes eu vejo minha shiba ter ataques quando está entediada ou quer mais ração e me pego pensando se esta não seria uma raça coreana, ao invés de japonesa. Uma verdadeira drama queen!

 

Mas a série coreana (K-dramas) não foi um fenômeno que veio só. Na mídia brasileira começaram a aparecer fotos de artistas coreanos famosos, que estão sendo usados como garotos-propaganda de marcas de roupas chiques, como o Lee Min Ho, por exemplo. Na música, o K-pop vem ganhando espaço também por aqui.

 

As meninas do site “Coreanas de Taubaté” agradecem encantadas por essa invasão cultural. Este site reúne um grupo grande de fãs da onda coreana, a Hallyu, que vem tomando o mundo de assalto. Convenhamos que as meninas têm razão. Já não era sem tempo de alguém balançar a hegemonia americana. Os tempos de agora são tempos de diversidade.

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Tags: NetflixK-dramaK-popseries coreanas

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