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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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R.S.V.P. não é brincadeira, não!

Bienvenues les nouveaux arrivants!
Hoje, sábado, faz três dias que eu infernizo a funcionária da prefeitura. Pois ela não me mandou um convite para uma visita guiada pela cidade seguida de uma recepção no jardim da casa da Josephine (ela mesma, a esposa do Napoleão!)? Como é que agora ela me diz que não tem mais lugar? Eu vi que tinha o tal do R.S.V.P lá no canto inferior do cartão, mas não sabia que o prazo para confirmar minha presença terminava no dia 30 de maio. Quando eu resolvi confirmar já era dia 07 de junho e 59 pessoas já tinham confirmado antes de mim.
Hoje às 11h da manhã, após fazer feira, ir ao lave-e-leve e tomar café na praça eu afinal recebi a boa nova: alguém tinha desistido de participar do evento. Eu deveria comparecer ao rendez-vous às 13h 45. Tomei banho, botei uma roupa mais socialzinha e fui comer um X, pois eu estava varada de fome e o dia prometia ser longo.
Cheguei à prefeitura pontualmente, só para descobrir que o ponto de encontro não era lá. Olhei no convite e Surpresa!, eu não tinha a menor idéia de onde diabos ficava o endereço do rendez-vous. Pedi informação a uma meia-dúzia de passantes, mas ninguém sabia da tal rua. Corri de salto alto de um lado pro outro até fazer bolha no pé e afinal achar uma cristã que tirou da gaveta o mapa da cidade e resolveu o enigma para mim: o rendez-vous era do outro lado do centro da cidade e eu já estava 15 minutos atrasada. Mas Deus sabe que eu sou persistente – há quem diga que eu sou teimosa – e resolvi provar a Ele que quando eu quero alguma coisa...
Atravessei todo o centro da cidade e um grande parque à velocidade da luz. Quando eu estava chegando próximo ao local, vi um ônibus de turismo passar lá pelo fim da rua, depois outro e mais outro. Mudei de rumo e saí correndo a fim de interceptá-los a duas quadras dali. Mas eu tinha previsto o caminho errado e acabei encontrando eles uma quadra depois. E eles vinham na minha direção! Tirei então o convite da bolsa e me pus a agitar os braços feito uma doida. Eles não tinham como não me ver. Quando o primeiro dos três ônibus abriu a porta e eu me apresentei à funcionária da prefeitura ela me disse aborrecida “Ah, é a senhora que me liga a três dias!”
Entrei, sentei e fiz força para ficar séria, mas eu não conseguia parar de rir. Eu tinha conseguido! Durante 3h e meia demos voltas pela cidade, de onde eu descobri que só conhecia um pedacinho. Rueil se estende ao longo do Sena, tem 8 sub-prefeituras e 40 mil habitantes.
Afinal chegamos à recepção no Parque de Bois Préau. Lá, onde antigamente ficavam os jardins do palácio da imperatriz Josephine, a prefeitura montou uma grande tenda com um estande para cada sub-prefeitura. O prefeito, os 8 sub-prefeitos e os vários diretores de cultura, desenvolvimento sustentável e de outros órgãos nos receberam para conhecer nossos problemas e sugestões e para nos dar todas as informações necessárias. Além das 59 pessoas que tinham feito o city-tour apareceram outros novos moradores à recepção. Devíamos ser cerca de 80 nouveaux-arrivants.
O coquetel foi em grande estilo, comida e bebida abundante e de boa qualidade. Lá pelas tantas eu e um amigo fomos abordados por um dos diretores, que veio se apresentar e conversar conosco, nos dar dicas de passeios e coisa e tal. Como trilha sonora, uma banda de jazz estilo New Orleans tocando ao vivo. As crianças, que corriam feito loucas e se lambuzavam comendo sorvete, se sentaram enfileiradas para assistir os músicos. Tudo muito família, muito francês.
Você pode até dizer que eu estou deslumbrada, mas lição de civilidade como essa eu nunca vi igual no Brasil.
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Tags: prefeitura de paris nouveaux arrivants recepçao

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