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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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Prince Seducteur, Roix Vaniteux

Esse domingo decidi aproveitar o tempo ensolarado e ventoso para visitar o Chateau Vaux le Vicomte, a 55 km de Paris.
Cheguei a Malun 1h antes da partida do ônibus que leva ao Chateau e resolvi utilizar esse tempo para almoçar. Acabei escolhendo um restaurante indiano todo jeitosinho próximo da estação de trem. "Moço, eu tenho apenas 40 minutos para almoçar. É possível?". O garçom me respondeu com a sugestão de uma série de pratos que seriam de rápida preparação e me serviu prontamente um cozido de carneiro perfumado com ervas, acompanhado de arroz bhakti. Simples e divino. A cada chegada sua, uma sessão de salamaleks e maneios de mão. Para tirar o excesso de taças de sobre a mesa, para trazer o refrigerante, a torta, o cafezinho, a conta ... Junto com a maquininha do cartão de crédito, chegou o bom e velho interrogatório, acompanhado de um olhar gentil e malicioso: "Voce mora em Malun? Ahhh, está apenas de passagem ...". À porta do restaurante, recebi um forte aperto de mão.
Saí de lá meio tonta, envolta em meu sári, os olhos delineados com Kohl, deixando para trás o balcão onde com certeza eu passei toda minha outra vida, tranquila, controlando o consumo de cada freguês e fazendo o troco. E eis que eu vejo o ônibus se aproximar do ponto. Vasculho inutilmente minha bolsa à procura do porta-moedas para reunir o dinheiro da passagem. Aqui dentro tem de tudo: mapa, sombrinha, livro de bolso, máquina fotográfica e cartões de memória, caderno e lápis. Ué, cadê meu Kohl? Xiii, foi um sonho...
Et voilá le Chateau! Construído em meados do séc. 17 por Nicolas Fouquet, o superintendente de finanças do rei Luis XIV, esse castelo se revelou muito mais luxuoso que o próprio palácio real. Isso foi o que descobriu um Luis XIV morto de inveja, por ocasião da festa de inauguração do Chateau. Fouquet imaginava que com uma festa inaugural grandiosa, repleta de fogos de artifício tendo por cenário de fundo esse castelo soberbo ele estaria marcando o sucesso de sua carreira junto à corte. Porém tanto fausto lhe rendeu a acusação de apropriação indébita dos bens da família real e prisão perpétua.
Em sua defesa partiram La Fontaine, aquele mesmo das fábulas, e alguns dos mais renomados cidadãos da corte. Tudo em vão, pois Luis XIV persistiu irredutível em sua resolução. Poucos meses mais tarde o rei contratou os mesmos arquiteto, paisagista e artesãos que tinham trabalhado na construção do Chateau Vaux le Vicomte para construir o palácio de Versailles e assim apaziguar a sua vaidade ferida.
Os jardins e a cozinha desse Chateau foram os que mais me encantaram. Eu já estou um pouco saturada de tanto gobelin e estuque dourado...
À bientôt!
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Tags: chateau vaux le vicomte

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