O prazer de dançar junto
No hotel onde estamos hospedadas esta noite, contrataram uma banda para fazer um pequeno show de música portuguesa para os hóspedes. Os portugueses logo se animaram e três casais mais velhos começaram a dançar.
Maria Inês, admirando a cena, comentou sobre a sua paciente mais idosa que não conseguia ficar sem namorado. Sua técnica era frequentar cursos de dança para a terceira idade, onde sempre que estava só conseguia arrumar um novo parceiro de dança e de vida.
Ouvindo a história da paciente dela me lembrei da época em que eu e meu ex-namorado começamos a frequentar um curso de dança de salão em Botafogo. Éramos a pior dupla do curso: ele incapaz de se dobrar às regras que regiam cada ritmo, e eu, completamente pé-duro. Um dia cheguei atrasada ao curso e encontrei meu namorado dançando nas nuvens, abraçado na aluna gostosona da turma. O filho da mãe se esforçava para seguir todas as regras e não fazia feio na pista. Logo, logo, enciumada, acabei com a festa dele.
Na aula seguinte, após nós dois passarmos quase que o tempo todo brigando sobre qual de nós dois é que estava dançando errado, fui escolhida pelo professor para demonstrar junto com ele um passo de dança aos demais alunos. Acho que ele queria mostrar aos outros que mesmo uma pé-duro como eu, quando bem conduzida pelo seu par, consegue reproduzir os passos mais elementares. Coitado do professor, foi um fracasso total e acabei desistindo ali mesmo de continuar no curso de dança de salão.
Hoje, admirando invejosa os casais idosos que invadiram a pista de dança do hotel e que riem junto com os amigos a cada passo em falso, me dou conta do óbvio, de que dançar deve ser um prazer, e não o martírio a que eu e meu ex submetemos um ao outro. Me perdoe, Tan-tan, eu devia ter deixado você continuar dançando com a moça da legging vermelha.
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