Iceberg Towing, uma profissão do futuro
Cerca de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo enfrentam escassez de água por pelo menos um mês ao ano, um fenômeno conhecido como “estresse hídrico”. A previsão é de que esse número suba para 60% da população global. Além disso, meio bilhão de pessoas no mundo enfrentam grave escassez de água durante todo o ano. Esses são os dados fornecidos por uma rápida pesquisa na internet. Se você acredita que estes 4 bilhões de pessoas vão permanecer pacíficas, você é do tipo otimista. As disputas por água potável são atualmente consideradas a causa principal das guerras do futuro. Aliás, disputas por recursos hídricos já ocorrem atualmente na Ucrânia, Cisjordânia e África Subsaariana.
Aproximadamente 75% da água doce do planeta está retida no gelo dos polos, sendo que 90% desta água está na Antártica. Com base nisto, tem crescido nas últimas décadas o interesse pela captura e deslocamento de icebergs (iceberg towing) dos polos em direção à costa de países afetados pela seca. Desde 1956 fala-se disso. Naquele ano, o oceanógrafo John Dove Isaacs propôs capturar um iceberg de 8 milhões de tonelada de água e transportá-lo pelo período de 200 dias desde o polo até San Diego, na Califórnia. Outras propostas têm sido feitas por Nick Sloane, para resolver a escassez de água em Cape Town, na África do Sul, e por Abdulla Al-Shehi, dos Emirados Árabes.
Com base nos estudos feitos até hoje para viabilizar o transporte dos icebergs pelo oceano, já se sabe que o ponto de amarração das cordas envoltas no iceberg deve ser em algum ponto abaixo do centro de gravidade do iceberg, para evitar que ele se frature ou emborque durante o transporte. Ainda não se sabe como evitar que boa parte do iceberg se derreta durante este processo. Sabemos, contudo, que boa parte do ciclo de vida e alimentação nos oceanos dos polos depende deste processo. A água proveniente do degelo de icebergs é livre de poluentes atmosféricos e contém sulfetos, ferro, cálcio, magnésio, nitrogênio e fósforo, contribuindo fortemente para o enriquecimento dos oceanos em seu entorno. Ela é indispensável para o crescimento do fitoplâncton, que é a base da cadeia alimentar. Quais seriam, então, os efeitos danosos no ecossistema global decorrentes do iceberg towing?
Embora toda esta história pareça um tanto futurística, já há todo um comércio relacionado à água do degelo de icebergs. Ed Kean trabalha no mar do Labrador no Oceano Ártico, desde a década de 1990, utilizando seu navio pesqueiro na atividade de processamento do gelo dos icebergs que flutuam ao seu redor. Em alguns anos ele produz mais de um milhão de litros de água doce por este processo, revendendo-a para as cervejarias locais, indústrias de cosméticos, vinícolas e turistas da região, que dizem que esta é a água mais deliciosa que já beberam em suas vidas.
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