Loading...

Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

Blog

Veja nossas postagens

Ai que inveja do caracol!

guerreiro medieval lutando com um caracol

 

“How ingenious an animal is a snail… When it encounters a bad neighbor it takes up its house and moves away.”
—Philemon (c. 300 B.C.)

 Quem dera eu fosse um caracol. Lá dentro da concha deve ser quietinho e confortável. Bastar fechar a concha com o pé quando o mundo se torna um lugar desagradável! Ou colocar o pé para fora e lentamente tomar seu rumo para um lugar qualquer.

 O caracol tem duas vantagens sobre a minha situação atual. Embora eu não tenha concha, nada me impede de mudar de endereço quando encontro um mau vizinho, mas isso pode ser muito caro e ineficaz. Caro, porque tem muitos gastos extras envolvidos na compra e venda de um apartamento. Além disso é preciso passar pelo longo e custoso processo de adaptar o novo apartamento às nossas necessidades. Ineficaz, porque frequentemente os problemas me perseguem.

 Quando eu comento com um conhecido sobre o barulho que o vizinho de cima faz à noite, eu frequentemente vejo aquela cara de “Xiii, lá vem ela de novo com essa conversa...”. Sinto muito, mas sim, esse problema me persegue. Já tive vizinho que arrastava os móveis pela sala inteira até a varanda todas as madrugadas, antes de se instalar na varanda com seus convidados para beber cerveja e bater papo até as 6h da manhã. Tudo isso a 2m de distância da janela do meu quarto. Já meu último vizinho de cima tinha o biorritmo invertido: dormia de dia e ficava acordado a noite inteira. Até aí tudo bem. O problema era que, durante a noite, ele deixava várias coisas pesadas caírem no chão e arrastava toda hora uma cadeira de ferro bem acima da minha cabeça. Após reclamar ao síndico, a situação só fez piorar. Resolvi então entrar na minha concha e emudecer.

 A situação foi piorando, piorando, piorando. Até que o vizinho de cima dele também fez uma reclamação ao síndico. Os dias que se seguiram foram da mais absoluta paz e contentamento. Para mim, é claro. Porém ele, incapaz de descarregar o seu descontentamento com a vida no sono dos vizinhos, acabou brigando com a esposa e saiu de casa. Ufa! Tem momentos que a desgraça alheia é a nossa felicidade... 

Voltar

Tags: concha do caracolvizinho de cimaarte medieval

Receba os novos contos
em primeira mão