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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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Afinal, para que servem os machos?

Enquanto leio um artigo na The Scientist sobre o sucesso que os gafanhotos obtiveram ao optar pela partenogênese e abrir mão da existência dos machos na luta pela sobrevivência da espécie, minha mente se perde em considerações sobre as questões de gênero atuais.

gafanhoto

Quem se faz esta pergunta não sou eu, é a autora de um dos artigos da última edição da revista The Scientist. Esta questão não é puramente provocadora. O artigo de Hannah Thomasy trata das vantagens que têm as espécies que se reproduzem por partenogênese, sem a necessidade de um macho. No entanto, a escolha do título flerta com o momento sócio-cultural em que nós, os humanos, vivemos.

Dra. Thomasy comenta que uma grande variedade de espécies tem sobrevivido nos últimos milhões de anos reproduzindo-se por partenogênese sem que isto tenha afetado negativamente a sua prole, ou as suas chances de continuidade. Este é o caso, por exemplo, de algumas espécies de gafanhotos, lagartos, crustáceos, crocodilos, condores e cobras.

A maior vantagem é que todos os indivíduos da população podem ter filhotes, o que dobra a taxa de natalidade. A partenogênese também protege os animais dos perigos do sexo e das DST’s. Contudo, quando comparada ao método tradicional de reprodução heterossexual, a partenogênese resulta em perda da variabilidade genética e na acumulação de mutações de efeito deletério. Mas, além disso, para que servem os machos? 

Esta é uma questão que aparentemente muito tem-se feito nos tempos atuais. Você pode até me dizer que na sociedade humana os machos não têm apenas importância na manutenção da variabilidade genética da espécie, mas também na vida econômica das famílias e, digamos assim, nas atividades lúdicas com a parcela heterossexual da população feminina. Porém tem-se observado que o interesse em sociabilizar e criar núcleos familiares está em franca decadência entre os jovens.

O desinteresse das pessoas em sair de casa, estar com amigos e encontrar um novo parceiro sexual é algo típico dos tempos atuais. Este fenômeno já vinha sendo observado pelos médicos e sociólogos nos anos anteriores à pandemia. As dificuldades de comunicação e a violência de gênero são apenas dois dos muitos fatores que contribuem para isso. Também a depressão e as dificuldades que os jovens vêm enfrentando em conseguir emprego e moradia tem sido apontadas como causas. A vida tornou-se uma batalha pessoal tanto para homens quanto para mulheres, e, nesta luta, sobra pouco tempo para investir em algo que não tenha retorno certo. “Arranjar marido” deixou de ser um objetivo de vida.

Em um mundo que se bate contra as questões de gênero, vê diminuir as diferenças de direitos e obrigações entre homens e mulheres, onde as mulheres têm conquistado de modo sistemático o brilhantismo acadêmico, os cargos de gerência das empresas e as lideranças políticas, o homem assiste assombrado à diminuição da sua importância. “Homens, emponderem-se”, diz um post nas redes sociais, clamando por uma reação daqueles que atualmente se perdem em atitudes violentas ou em um comportamento apático.

Quem sabe não estamos prestes a chegar ao dia em que a nossa importância não será mais avaliada pelo fato de sermos homem ou mulher, mas sim por sermos simplesmente seres humanos?

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Tags: partenogêneseimportância dos homensquestões de gêneroemponderamento

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