A era dos aplicativos de namoro está chegando ao fim. E agora?
Pesquisas feitas com jovens das gerações millenials e Z mostram que a era dos aplicativos de namoro está chegando ao fim. A queda abrupta do valor de mercado destes aplicativos nos último ano comprova estes resultados. E agora? Qual será a próxima solução para achar a sua alma gêmea?
Setembro se aproxima e, com ele, o início da primavera. Que beleza! Até já posso ver a algazarra dos pássaros na época do acasalamento, o ar carregado com o perfume das flores e romance...
Para, para, para, que tem algo de errado neste delírio. Se você, como eu, já vinha escutando a trilha sonora de Love is in the air enquanto sonhava com a chegada da primavera, preciso te alertar de que o amor não está no ar. Muitas coisas flutuam no ar ultimamente: partículas, gases de escapamento e até mesmo os fatídicos grão de pólen, mas o tal do amor virou mercadoria de luxo: tá difícil de achar.
Pelo menos é isso o que tem dito os jovens quando entrevistados pelos institutos de pesquisa em busca de uma explicação para a queda astronômica observada no valor de mercado dos aplicativos de namoro nos últimos anos.
O uso dos aplicativos de namoro iniciou em 2009 com o Grindr, e tornou-se tendência em 2012 com o aparecimento do Tinder. Desde então, muitas alternativas foram criadas para que pessoas de todos os gêneros, opções sexuais e nichos pudessem conseguir o tal do match. Foi criado o Hinge para aqueles em busca de um relacionamento sério; o Raya, para os influencers e as celebridades; o Dating.com, para aqueles interessados em experiências luxuosas e exclusivas, e o Lex, o Her, o Scruff e o Feeld para a comunidade LGBTQ+.
Porém, o que tem se observado nos últimos anos é que o fim da era de ouro dos aplicativos de namoro se aproxima. O Match Group, responsável pelos aplicativos Tinder, Hinge, Match.com e OkCupid perdeu cerca de 70% de seu valor de mercado no ano passado, enquanto o Bumble caiu para 10% do seu valor inicial de mercado nestes 12 últimos meses. É um desastre completo!
Apenas os aplicativos voltados à comunidade LGBTQ+ mostraram uma valorização nos últimos tempos. O Grindr, uma das principais plataformas de redes sociais de aplicativos de namoro para não heterossexuais apresentou um crescimento robusto de mais de 30% nos últimos 12 meses, contudo ele não tem sido rentável.
Mas qual é a causa desta mudança?
Kate Lindsay, especialista em tendências da internet e cultura, diz que os millenials estão cansados devido às más experiências com esses aplicativos, as dificuldades de lidar com o robô de buscas e bancos de dados cheios de informações falsas. Já a GenZ praticamente perdeu o interesse nos aplicativos de namoro. Uma pesquisa conduzida nas escolas e universidades americanas mostrou que 79% dos jovens não têm utilizado estes aplicativos, nem ao menos uma vez por mês. Um terço dos usuários do Bumble diz estar comparecendo a menos dates para preservar a sua saúde mental no que diz respeito aos namoros.
Porém, uma pesquisa da Pew Research Center informa que a maioria das pessoas está insatisfeita com sua vida amorosa e tem dificuldade para encontrar novos parceiros.
Enquanto não surge uma nova alternativa para os aplicativos de namoro, tem crescido o uso de aplicativos voltados à carreira profissional (LinkedIn) e ao aprendizado de línguas (Duo Lingo, p.ex.) como meio de encontrar um novo amor. O LinkedIn parece ser o preferido. Afinal, quem quer saber de arrumar um namorado desempregado? E o uso deste app ainda tem uma vantagem adicional: você não vai ser pega de surpresa por uma torrente de imagens de mau-gosto durante o processo de seleção de candidatos ao cargo de namorado. Quem iria colocar à vista de todos, inclusive do próprio chefe, fotos indecorosas?
Uma pesquisa publicada no site DatingNews.com diz que está tão difícil para os solteiros encontrar alguém do seu agrado, que 1/3 das pessoas está partindo para relações não-monogâmicas consensuais. Desta mesma pesquisa ainda pode-se extrair outras informações surpreendentes, tais como: 17% dos entrevistados dizem tomar ansiolíticos ou antidepressivos quando precisam relaxar, 43% usaram inteligência artificial para descrever o seu perfil nos app’s de namoro, embora reclamem da artificialidade e das dificuldades decorrentes do uso de robôs na procura de perfis compatíveis,54% dos solteiros jovens não tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses e, entre os entrevistados da geração Z, 45% dizem ter problemas de saúde mental e 20% se questionam sobre sua identidade de gênero.
Enquanto novas alternativas não chegam para os app’s de namoro, no Japão, onde 2/3 dos jovens não possuem parceiro, foi lançada uma nova alternativa para contornar a crescente crise de solidão da população. O Loverse é um chatbot baseado em inteligência artificial que oferece parceiros virtuais para aqueles em busca de companheirismo, ou até mesmo de “casamento”. O difícil depois vai ser voltar às dificuldades de manter uma relação real, não é mesmo?
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