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Se você se preocupa em saber quais histórias são verdadeiras e quais são ficção, lembre-se de que a história muda conforme aquele que a conta, pois todas elas sempre carregam algo de verdadeiro e muito da fantasia do escritor. Afinal, neste mundo das redes sociais, mesmo quando pretendemos estar contando a verdade sobre nós, redigimos uma ficção.

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A Ciranda Climática

2030 está logo aí e com ele a previsão de uma ciranda climática. Nada de novo nisso, porém agora além dos fatores climáticos inerentes à Terra, entram na previsão o comportamento das ondas magnéticas do Sol. Fica cada vez mais difícil ignorar as previsões e acreditar que nós vamos continuar levando a mesma vidinha de sempre.

ciranda

Os cientistas têm observado uma redução notável na atividade do Sol com base na contagem de manchas em sua superfície. O período de redução na radiação solar previsto para 2030 é equivalente em intensidade ao período denominado “Mínimo de Maunder”, que ocorreu no final do século XVII durante um intervalo de 70 anos de temperaturas extremamente baixas conhecido como a Pequena Idade do Gelo na Europa. O avanço notável que tem sido observado no estudo das ondas magnéticas do Sol confere uma certa robustez a esta previsão.

Além disto há as previsões climáticas feitas com base na modificação do padrão de correntes oceânicas da AMOC (Atlantic Meridional Overturning Circulation). Estima-se que entre 2025 e 2090 deva se iniciar um período com maior frequência de tsunamis, furacões, ondas de frio e de calor, alteração no cinturão de chuvas tropicais e esfriamento do clima em boa parte da Europa, EUA e Canadá devido a estas mudanças nas correntes.

A AMOC é o sistema de correntes de maior importância na regulagem do clima da Terra. Correntes superficiais dos oceanos impulsionadas pelos ventos transportam o calor dos trópicos em direção ao Ártico, onde estas águas resfriam. Uma parte delas congela e expulsa o sal de sua composição, enquanto o restante das águas se torna mais salina e, portanto, mais densa, mergulhando para maiores profundidades do oceano ártico. Estas águas frias e densas retornam sob a forma de correntes de fundo em direção aos trópicos, onde irão uma vez mais se aquecer e subir para a superfície.

Com a mudança do clima na Terra têm-se observado uma elevação na temperatura média do Ártico e o consequente degelo das calotas polares. Com isto, uma maior quantidade de água doce está sendo jogada nos oceanos, reduzindo a sua salinidade e alterando a estabilidade das correntes descendentes do Ártico. Como a AMOC se comporta como uma esteira rolante nos mares, a perturbação das correntes no Ártico induz uma instabilidade em todo o sistema de correntes e na distribuição de calor no planeta.

A maior parte das medidas realizadas nas correntes oceânicas foi adquirida nas correntes Gulf Stream, que fazem parte do sistema de correntes AMOC e são constituídas por correntes extremamente fortes que varrem a costa leste dos EUA. A abundância de dados coletados nesta região tem mostrado que as correntes ali presentes estão se tornando mais lentas e menos resilientes.

Se um nova Pequena Idade do Gelo está prevista, quais seriam as consequências diretas disso? Para elucidar este enigma, vamos dar uma olhada no que ocorreu na Europa no período situado entre 1645 e 1715, denominado por Shakespeare como o Inverno da Desesperança.

Durante a Pequena Idade do Gelo foram observados invernos rigorosíssimos, quando a população de diversos países da Europa foi dizimada pela fome ou pelo frio. Quando descobriram que as culturas tradicionais não resistiam às geadas frequentes, o rei Luís XVI estimulou os cientistas à procurarem descobrir culturas mais resistentes que pudessem matar a fome do povo francês. Foi então que Parmentier começou a sua luta para que a batata fosse aceita como alimento pelas classes mais altas. 

Até então vista como venenosa, ou alimento para animais, a batata passou a ser vista como a solução para o problema da fome. Para ultrapassar a resistência do povo, Parmentier, com o auxílio do rei, se serviu de uma série de artifícios tais como: tornar a flor de batata um adereço da moda, colocar guardas do rei para cuidar de campos de cultivo experimental de batata como se fossem a joia da coroa, permitindo que mudas de batata fossem roubadas durante as trocas de turno dos guardas, e convidar a elite da sociedade francesa para inúmeros jantares onde a batata era servida em diferentes preparações luxuosas.

Além da pesquisa sobre alimentos alternativos, se observou naquela época um crescimento no uso de escravos para gerar os alimentos e riquezas necessários para manter a economia de países cuja economia estava estagnada devido a constantes guerras e à crise climática.

A Pequena Idade do Gelo também foi o período da caça às bruxas.  Segundo Philipp Blom, “colocar mulheres em chamas de fogueiras de alguma forma descongelaria a terra congelada do inverno, faria a chuva cair suavemente sobre as plantações na primavera e resfriaria o sol escaldante do verão”.

Finalmente, durante a pequena idade do Gelo houve uma notável concentração de riqueza, devida especialmente à modificação das leis que regiam o uso das terras agrícolas, concentrando-as na mão de senhores feudais. Nesta época, os ricos se tornaram mais ricos, e os pobres, ainda mais pobres.

Na Inglaterra, as consequências da alteração climática foram especialmente dramáticas. Rios como o Tâmisa (Londres) passaram a congelar durante o inverno, e várias das cenas de crianças patinando em extensas planícies geladas registradas em pinturas a óleo são desta época. Além disto, foi neste período que ocorreu a pior tempestade já registrada em solo britânico: “A Grande Tempestade” (1703). O estrago provocado pela passagem do furacão foi equivalente à metade da destruição causada pelo grande incêndio de 1666. O saldo incluiu milhares de mortes, a destruição de centenas de navios, e centenas de pessoas foram carregadas pelo vento e pelas águas em direção ao Mar do Norte apesar da pouca chuva.

A diminuição da atividade magnética na superfície do Sol foi suficiente para provocar tudo isto? Acredita-se que não. A atividade humana não era capaz de induzir mudanças climáticas àquela época. Aacredita-se que elas tenham se originado devido a uma intensa atividade vulcânica nos tempos que precederam a mini era glacial. O vulcanismo teria sido responsável por uma elevação na salinidade das águas dos oceanos, rompendo assim o equilíbrio das correntes oceânicas de modo análogo ao que ocorre atualmente.

Atualmente temos um maior número de ferramentas para lutar contra as consequências desastrosas de uma crise climática, porém isto não justifica a falta de iniciativa para reduzir o impacto humano na sua geração. Portanto, mãos -à-obra.

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